Capítulo 1
Estava uma noite bastante calma.
Plutão era caracterizado por ser um planeta pesado, pela sua escuridão mórbida e pela aparência tipicamente gélida, o que causava uma percepção de inexistência de vida aos olhos nus de qualquer ser vivo.
Havia pouca vida para além da população que lá habitava e de alguns animais que conseguiam resistir às baixas temperaturas e às grandes tempestades de neve. As casas eram construídas sob espessas camadas de gelo bastante sólido e apresentavam uma resistência incrível perante as intempéries que assolavam aquelas vilas. As casas eram tão cristalinas que era perceptível todo e qualquer movimento no seu interior.
No castelo de gelo onde habitavam os reis de Plutão, havia um clima de instabilidade e preocupação perturbador, que intoxicava o ar e empalidecia a beleza daquele estranho lugar, que parecia morrer a cada minuto que passava, apesar da noite se manter impávida.
- Que tens minha rainha? - Perguntava o rei Alexandre em tom de preocupação para com sua amada. – Estás muito estranha e pálida. Tenho notado isso desde há muito….. diz – me por favor! Estou muito preocupado!
- Algo está prestes a acontecer meu senhor…. Algo muito grave….. eu sinto… - Disse a rainha Hanna com um esgar de medo na voz. Ela estava tão petrificada quanto as paredes daquela casa que serviam de protecção ao seu desolo.
Alexandre olhava para ela de esguelha enquanto mirava através da janela de vidro fino a calmaria que se fazia sentir no exterior.
- Tiveste mais uma das tuas visões? – disse prontamente Alexandre sem se mover de perto da janela.
- Sim. Eu tive. – Disse Hanna.
- Diz-me que viste tu um amor? Preciso de saber…. Eu quero ajudar-te. – Disse o rei olhando para a cara da sua eterna amada, que naquele momento lhe parecia despida de qualquer manifestação de vida ou afecto.
- Eu… Eu vi um homem muito mau. O seu espírito estava completamente possuído por um ser maligno…. As trevas estam a aproximar-se…. O nosso planeta tal como o conhecemos vai desaparecer Alexandre… Vai ser completamente destruído pelas forças do mal!!! – Disse Hanna num tom sofredor, apagado pela descrença que se abatera naquela noite – Não vez o que se passa? Não entendes o significado desta noite tão amena? Isto é um mau presságio…. – Parou de falar pois foi subitamente interrompido por seu marido que parecia nitidamente preocupado.
- Diz - me. Como era esse estranho homem que vis-te nos teus sonhos? – Apressou –se a perguntar.
- Não sei. Não me consigo lembrar. Era uma figura indefinida ….. Estava tudo escuro. Só me lembro de ver a silhueta de um homem e atrás dele uma espécie de demónio que o controlava de forma malévola. Atrás deles havia destruição, dor e muito sofrimento….
- Hanna eu acho que tu estas a exagerar. Vais ver que tudo não passou de um simples pesadelo. Amanhã vais acordar e certamente vais abrir esse sorriso lindo para o universo, quando constatares que tudo foi fruto da tua imaginação. – Disse – lhe Alexandre que se aproximava dela em paços calmos e serenos, deixando para trás a janela já fechada. – Vamos dormir meu amor. Amanhã é um novo dia nas páginas das nossas vidas e temos de estar bem fortes para conseguirmos tomar as decisões mais sábias e ajudar o nosso povo a atingir o caminho da luz.
- Talvez tenhas razão meu senhor. Eu estou a preocupar-me e a amedrontar-me com coisas que talvez não tenham qualquer sentido e razão de existência.
Sem mais palavras, o rei Alexandre beijou carinhosamente a cabeça de Hanna e ambos adormeceram mergulhando na vasta imensidão da noite e nos perigos que ela escondia.
autora: sara silva
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